No princípio era o verbo. Ou melhor, o nome próprio. Luan Santana. Ouvi falar dele em algum momento de 2009.
De lá para cá, o garoto de cabelo cuidadosamente rebelde e levemente vesgo (ooops, estrábico) conquistou o campo e as grandes cidades, viu seu cachê por apresentação crescer até os atuais 300 mil reais (numa média de 25 shows por mês, faça as contas), comprou um jatinho pra chamar de seu (o Bicuço) e transformou-se em um artista-empresa que emprega mais de 60 funcionários. Mas acima de tudo isso, ou paralelamente, ele é o retrato da consolidação de um universo pop brasileiro autônomo ao eixo Rio-São Paulo (e que, audaciosamente, é subjugado como prova irrefutável da Vitória, tanto que o segundo DVD ao vivo de Luan foi gravado no final de 2010 no Rio de Janeiro e está prestes a ser lançado).
Queria gostar de Luan Santana. Não consigo. Talvez porque não seja seu público-alvo de mocinhas e crianças, que compram a música junto com cadernos e chicletes com seu rosto (licenciado oficialmente). Talvez porque a alegria não me atinja com a força de um meteoro e, consequentemente, não dê soquinhos no ar e faça coraçõezinhos com as mãos. Mas então, do nada, escuto uma voz que diz assim: “o jogo do amor recomeça e a vida te pergunta: aqui é o seu lugar?”. Não sei, estava pensando no Luan Santana. Queria gostar de sua música. Paciência.